Mensagem do Prof. Dr. Paulo Milton Barbosa Landim sobre o
9º Simpósio de Quantificação em Geociências

De 1985 a 2000 foram realizados, no campus da UNESP em Rio Claro, 8 Simpósios sobre Quantificação em Geociências. Nesses encontros, em que tive a honra e a responsabilidade de coordenar, os eventos sempre tiveram como objetivo principal proporcionar a troca de experiências entre profissionais e estudantes a respeito da aplicação dos mais diversos modelos e técnicas quantitativas em Geociências. Desse modo foram realizadas, pelos participantes, sessões de palestras, de mesas-redondas e de comunicações para apresentação e debate de trabalhos e demonstração de softwares, além do oferecimento de minicursos. Em 2004 havíamos planejado a realização do nono encontro para o início de novembro daquele ano, o que infelizmente, por um conjunto de fatores, não se concretizou e trouxe para a então Comissão Organizadora um gosto amargo de frustração.

Recentemente fui contactado por um entusiasmado grupo de docentes e profissionais, entre os quais vários ex-alunos, que me expuseram a ideia de realizar novamente um encontro sobre quantificação em Geociências. Evidentemente apoiei a iniciativa e desejei que conseguissem transformar a ideia em algo concreto. Com grande alegria, a alegria que só um velho professor pode ter, constato que finalmente, após mais de 20 anos decorridos, o 9º Simpósio sobre Quantificação em Geociências será realizado em setembro próximo no campus da UNICAMP. Mais diversificado em aplicações, com metodologias atualizadas e, principalmente, dentro da programação oficial de eventos da Sociedade Brasileira de Geologia.

A Geologia até há bem pouco tempo, era frequentemente considerada uma ciência baseada em interpretações puramente qualitativas dos fenômenos geológicos. Nos últimos anos, porém, tem sido notável a mudança da fase descritiva para a utilização de métodos quantitativos. Na área aplicada, onde a interpretação geológica, além de estar fundamentada em conceitos científicos, precisa ter enfoque econômico, observa-se uma marcante tendência quantitativa que vem possibilitando avanços importantes principalmente no uso de técnicas espaciais e espaço-temporais, alem de avaliação de riscos e incertezas.

Nas últimas décadas, graças a avanços tecnológicos tanto em termos computacionais como em equipamentos de laboratório e de campo mais refinados, tem sido intensa a obtenção de dados geológicos quantitativos. A sua análise, porém, está muito aquém dessa imensa quantidade de informações coletadas. Basta ver os relatórios de pesquisa e mesmo os bancos de dados com um grande número de matrizes de informações não trabalhadas. Verbas e tempo são gastos com essa coleta que precisa ser devidamente manuseada para a análise dos dados. Deve ser enfatizado, porém, que a pura utilização de métodos quantitativos, hoje em dia bastante facilitada graças à vasta disposição de programas computacionais, não é condição suficiente se o estudo não for embasado num sólido conhecimento geológico. Desejo todo o sucesso ao 9º simpósio de Quantificação em Geociências e o meu agradecimento, em nome das Comissões que realizaram os anteriores, por terem conseguido novamente organizar este importante evento.

Paulo M. Barbosa Landim